quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Intratável.

AFIRMAÇÃO:
Ao contrário de tudo e contra tudo, o sujeito afirma o amor como valor.
Nietzsche

Há duas afirmações do amor.
Primeiro, quando o apaixonado encontro o outro, há a afirmação imediata (psicologicamente: deslumbramento, entusiasmo, exaltação, projeção louca de um futuro realizado; sou devorado pelo desejo, a impulsão de ser feliz): digo sim a tudo (me tornando cego).
Segue-se um longo túnel: meu primeiro sim é roído pelas dúvidas, o valor amoroso é a todo instante ameaçado de depreciação: é o momento da paixão triste, a ascensão do ressentimento e da oblação.
Posso sair, porém, desse túnel; posso “sobrelevar”, sem liquidar; o que afirmei uma primeira vez, posso novamente afirmar, sem repetir, porque então, o que afirmo, é a afirmação, não sua contingência: afirmo o primeiro encontro na sua diferença, quero sua volta, não sua repetição. Digo ao outro (antigo ou novo): Recomecemos

‘Fragmentos de um Discurso Amoroso’ Roland Barthes.